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Especialistas em sementes

Publicado em 30/06/2025

Família Gomes, de Passo Fundo, produz sementes de soja desde 1968

 

As coxilhas de ondulações moderadamente acentuadas do Planalto Médio do Rio Grande do Sul ajudam a contar a história do cultivo de grãos no Brasil. Propriedades de Passo Fundo, Coxilha e Sertão estão entre as pioneiras no cultivo desses grãos no país. Colonos judeus ucranianos que haviam chegado ao Brasil, no final do século XIX, fugindo de perseguições na Europa e Ásia passaram a dedicar-se ao trigo nos anos 1950 e, na década seguinte, iniciaram o cultivo de soja em busca de maior rentabilidade.

Influenciado por conhecidos entre esses colonos, Faustino Pelêncio Gomes, um descendente de espanhóis com italianos arrendou terras em Erechim e seguiu a mesma trajetória. Ele foi buscar sementes de soja em Santa Rosa, no noroeste do Rio Grande do Sul, e foi um dos pioneiros da cultura no estado.

 

GOSTO PELO CAMPO

O começo foi difícil, relata Osvaldo Gomes, filho de Faustino, que deu sequência aos negócios do pai. “A gente tinha pouco conhecimento sobre a cultura, fazia improvisos para controlar plantas daninhas, a produtividade era baixa, uns 15 ou 20 sacos por hectare”, lembra. Apesar dos desafios, começava a nascer ali um amor pela terra e pelo que ela produz que passaria às gerações seguintes. “A terra exerce um fascínio sobre nós”, confessa o produtor.

Na década de 1970, os Gomes passaram a produzir sementes de soja. Eles também se dedicaram ao cultivo de cevada para a indústria cervejeira, além de aveia, mas acabaram mesmo se especializando em soja. O conhecimento sobre a cultura foi crescendo assim como as novas tecnologias. Quatro anos atrás Osvaldo realizou o levantamento sobre as condições do solo através da agricultura de precisão. A distribuição de fertilizantes passou a ser na medida exata do que indica o mapeamento. “Hoje nós falamos em potencial para 80 ou 90 sacas por hectare”, registra Osvaldo. 

 

 

CONTROLE DE QUALIDADE, O MAIOR DESAFIO

Ao lado da esposa Rosângela, que acompanha a entrevista, Osvaldo avalia que, no segmento sementeiro, a produção é mais difícil que a comercialização. “Às vezes, a gente não conhece bem as características de uma cultivar. Tu tens que acompanhar a soja o tempo todo, evitar as plantas daninhas e cuidar para que a lavoura não passe do ponto na hora da colheita.”

Para dar conta do recado em 1.670 hectares de cultivo, Osvaldo recebe o apoio da esposa. “A Rosângela faz o trabalho de escritório, cuida da parte burocrática e da separação dos lotes de sementes”, explica. O casal também se reveza nas negociações envolvendo insumos e serviços com a C.Vale.

As sementes de soja das lavouras de Osvaldo e Rosângela vão para a C.Vale de Tapera desde 2019. Ali, elas passam por beneficiamento e controle de qualidade antes de serem enviados para unidades da cooperativa nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, sul do Mato Grosso do Sul e Paraguai. A supervisora agronômica da C.Vale de Tapera, Alessandra Pletsch, elogia a dedicação dos Gomes à produção de sementes. “Sementes se faz no campo. O Osvaldo e a Rosângela têm um conhecimento muito grande, eles acompanham todas as etapas, da semeadura à colheita”, comenta.

 

FUTURO

Osvaldo herdou do pai o gosto pelo campo. “Não tem nada melhor do que isto. Nós estamos alimentando o mundo. Você começa a fazer e te dá uma satisfação muito grande”, assegura. Aos 70 anos e com três filhos, Osvaldo conta com os filhos Felipe, Sílvia e Arthur para dar continuidade aos negócios, a exemplo do que ele fez com o pai. Seria a terceira geração da família no segmento de sementes.

 

RAIXO X

FAMÍLIA GOMES

Municípios: Passo Fundo, Coxilha e Sertão (RS)

Integrantes: Osvaldo, Rosângela, Felipe, Sílvia e Arthur

Área: 1.670 hectares

Renda: 80% sementes de soja; milho e trigo 20%

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