CLIMA: Eterno La Niña
Publicado em 21/03/2022
Fenômeno vai se prolongar pela maior parte de 2022 e pode trazer frio precoce
O fenômeno La Niña, que provocou quebras na safrinha de milho em 2021 e na safra de verão 2021/22, deve se prolongar por grande parte deste ano. O sistema meteorológico deveria chegar ao seu final durante o inverno, mas os modelos de previsão de longo prazo apontam a possibilidade de ele se estender até o início da próxima safra de verão. Os sinais de alongamento do La Niña são a manutenção das temperaturas abaixo da média do Oceano Pacífico Equatorial e a variação entre neutralidade e águas levemente mais frias no Oceano Atlântico, litoral da região Sul. Essa condição manterá as chuvas bastante irregulares no primeiro semestre de 2022, com alternância de períodos secos prolongados e intervalos chuvosos mais curtos. Ronaldo Coutinho do Prado, da Climaterra, antecipa que, a exemplo de 2021, o frio deverá chegar cedo também este ano. Conforme ele, a partir da segunda quinzena de maio massas de ar polar poderão trazer quedas fortes de temperatura para áreas de milho safrinha. A influência do La Niña deverá avançar sobre a próxima primavera, facilitando a ocorrência de geadas tardias. “Tudo indica que a La Niña vai entrar pelo mês de outubro”, projeta Coutinho.
O fenômeno meteorológico estabelece uma espécie de separação geográfica do Brasil. No centro-norte, principalmente no Nordeste, as chuvas ficam acima da média, enquanto que no centro-sul a tendência é de precipitações abaixo dos padrões. Coutinho explica, porém, que no Sul do país o clima não será seco o tempo todo. “Vai ter períodos chuvosos também”, assegura.
No Centro-Oeste do Brasil, as chuvas devem parar mais ou menos em seu período normal, ou seja, em abril. “O estado de Mato Grosso dificilmente vai ter problemas”, antecipa Coutinho.