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SUCESSÃO FAMILIAR: Gerações com raízes no agronegócio

Publicado em 06/12/2021

No RS, tradição da agropecuária passa de pai para filho e avança em resultados

 

Numa região que, há mais de 300 anos, era disputada por portugueses e espanhóis, onde os gaúchos forjaram seu caráter peleador e de onde saíram Noel Guarany e Jaime Caetano Braun, dois dos maiores ícones de sua cultura, a produção agropecuária é uma tradição que passa de pai para filho. Diferentes gerações de produtores ajudaram a fazer do Brasil um dos principais fornecedores mundiais de alimentos, desde os pioneiros que enfrentaram a rudeza do trabalho braçal, estradas precárias e dificuldades de comercialização até os atuais, que têm o desafio de se ajustar às novas tecnologias.

 

Um empreendimento familiar com raízes no final do século 19 é um exemplo que reúne passado, presente e futuro do agronegócio. Nos anos 1880, quando os Rodrigues se instalaram em Garruchos, nas barrancas do Rio Uruguai, fronteira natural do Rio Grande do Sul com a Argentina, a primeira fonte de renda foi a criação de gado. Foi só na década de 1950 que a família passou a se dedicar a outras atividades, começando pelo linho, planta usada na fabricação de tecidos. Depois veio o trigo e, a partir dos anos 1970, a soja passou a ocupar as coxilhas de terras vermelhas. “A gente colhia umas 20 sacas/hectare. Era difícil, quase não tinha estrada, muito atoleiro, e também não tinha luz elétrica”, lembra Teodoro, o patriarca da família. Os tempos passaram e do casamento com dona Ceres resultaram a herança de uma propriedade em Santo Antônio das Missões e dois filhos.

NOVA GERAÇÃO

 

O casal passou o bastão aos filhos e, atualmente, os Rodrigues dividem as tarefas para gerenciar o negócio de maneira mais prática e eficiente. A propriedade em Santo Antônio das Missões fica sob responsabilidade de Ramão, o filho mais velho, enquanto que a de Garruchos é comandada pelo irmão que também se chama Teodoro. O pai ajuda com as tarefas administrativas. Para coordenar os trabalhos, eles fazem reuniões a cada sete ou 15 dias. Essa transição na gestão das propriedades está ocorrendo com muita “naturalidade, ensinamentos, aprendizagem e diálogo”, conta Ramão.

As duas áreas que formam a Doro Agropecuária garantem o sustento de sete famílias. Eles planejam adquirir uma nova propriedade para destiná-la à pecuária. Ao mesmo tempo, os Rodrigues querem puxar para cima os indicadores de desempenho das propriedades para incrementar a rentabilidade. O desafio é produzir 80 sacas de soja e 180 de milho por hectare irrigado. Para isso, Ramão e o irmão Teodoro estão investindo na melhoria do solo através da agricultura de precisão e da rotação de culturas envolvendo soja, milho, trigo, aveia, azevém e nabo. Nesse desafio para elevar a produtividade, a quarta geração da família conta com a C.Vale para assistência agronômica, para negócios envolvendo grãos e insumos, além da produção de sementes de soja para a cooperativa. “Temos uma longa relação de amizade com o profissional que nos atende, bons preços e uma cooperativa trabalhando junto ao produtor”, resume Ramão. O engenheiro agrônomo Vinícius Souza, da C.Vale de São Luiz Gonzaga, confirma. “Eles nos tratam muito bem, mas o melhor é que seguem o aconselhamento técnico e conseguem agregar produtividade e rentabilidade.”

REALIZAÇÃO

 

Saboreando salsichão como aperitivo enquanto a carne de ovelha assa ao fogo de chão em espetos rústicos, “seu” Teodoro sorri quando perguntado sobre a forma como “os guri” estão conduzindo os negócios. “Bah, orgulhoso e satisfeito”, comenta, em um sotaque missioneiro bem típico. Sobre os valores mais importantes que ele e a “patroa” Ceres passaram aos filhos, o patriarca ajeita o chapéu de barbicacho (cordão) antes de responder. “Manter a linha da honestidade, ser trabalhador e cumpridor dos seus compromissos”, afirma. Religioso, Teodoro, de 77 anos, se mostra realizado com as conquistas construídas ao longo da vida. “Pois olha, eu ‘tô’, satisfeito. De agora em diante o que Deus me der ‘tá’ bom.” No dia da entrevista, ele esperava com ansiedade pela chegada do segundo neto. Ramão, o pai da criança, dizia que Dona Ceres, a vó, também não via a hora de segurar o nenê no colo. Miguel acabou nascendo dia 6 de outubro. É a quinta geração da família chegando para, muito provavelmente, levar adiante a tradição de uma família que está há mais de um século no agronegócio, ajudando a consolidar o Brasil como um dos maiores produtores de alimentos do planeta.

Raio X

Doro Agropecuária Municípios: Garruchos e Santo Antônio das Missões (RS)

 

Receita: grãos (70%) e pecuária (30%)

Culturas: soja, milho, trigo, aveia, azevém e nabo

 

Pecuária: Bradford

Metas de produtividade

Soja irrigada: 80 sacas

Soja sequeiro: 60 sacas

Milho irrigado: 180 sacas

Milho sequeiro: 140 sacas

Trigo: 60 sacas